Uma oportunidade ímpar de integrar os sócios, de dar visibilidade à agenda do Centro Celso Furtado e de promover uma interação entre pesquisadores brasileiros e estrangeiros _ e um diálogo com os movimentos sociais. Assim o cientista político Ricardo Ismael, professor da PUC-Rio, apresentou os motivos que levaram ao projeto de realização do I Congresso Internacional do Centro Celso Furtado, marcado para os dias 15, 16 e 17 de agosto próximo, no Centro de Estudos do BNDES, no Rio.
Membro do comitê científico do Centro Celso Furtado e do comitê organizador do congresso, além de editor da revista semestral Cadernos do Desenvolvimento (http://www.cadernosdodesenvolvimento.org.br/), Ismael justificou que a instituição tem entre seus sócios pessoas com grande capacidade de reflexão sobre o Brasil e o mundo, e que colocá-las em contato pessoal durante três dias inteiros, incorporando ainda seus próprios convidados para que contribuam para o debate é um privilégio e uma oportunidade que não se deve desperdiçar. “Sobretudo neste momento de emergência do Brasil no cenário mundial”, disse.
“Além disso”, continuou o cientista político, “há sempre a preocupação de dar visibilidade à agenda que o Centro Celso Furtado procura promover, já há um certo tempo, de modo a estimular a troca de ideias – entre estudantes, professores e pesquisadores _ e interagir com pensadores estrangeiros, como o indiano Deepak Nayyar, o francês Ignacy Sachs, e o mexicano Arturo Guillén de forma a fazer avançar o pensamento e as políticas sobre desenvolvimento”.
De acordo com Ricardo Ismael, o título deste 1º. Congresso – a crise e os desafios para um novo ciclo de desenvolvimento – reflete duas preocupações centrais dos sócios: em primeiro lugar, a de tentar entender este novo momento, vivido a partir de 2008, com as crises no capitalismo central, envolvendo Europa e Estados Unidos, principalmente, em que se tem uma nova ordem mundial em gestação. “A ideia, então, é aproveitar a qualidade dos próprios sócios do Centro, muitos dos quais estão dentro da academia, para vir aqui refletir sobre os desafios que a crise apresenta para o centro do capitalismo”.
A outra preocupação que norteia o eixo de debates do congresso, também presente no título, é o próprio processo de desenvolvimento brasileiro. “A partir da retomada da democracia, e mais acentuadamente da década passada, o país volta a ter um crescimento mais substantivo, e o tema do desenvolvimento ganha relevância novamente. Entram em pauta os bancos de desenvolvimento, as políticas e os movimentos sociais, a transformação do crescimento em bem-estar social, resgatando para o debate questões que ficaram muito tempo esquecidas no Brasil”, disse Ricardo Ismael.
As diversas mesas que compõem o congresso, propostas pelos próprios sócios do Centro Celso Furtado, abrangem desde temas ligados à crise em si, no âmbito regional e mundial, até assuntos específicos da agenda brasileira, como a expansão da classe média, a redução da pobreza e da desigualdade, uma preocupação com a indústria nacional e os desafios do pré-sal, e outras questões que apontam para um fôlego e uma potência do país, mesmo num cenário de crise internacional, como o mercado de trabalho e o consumo aquecidos, os baixos índices de desemprego e o crescimento econômico.
“Há nas mesas claramente uma preocupação de natureza econômica, que reflete ainda a grande quantidade de economistas que o Centro Celso Furtado reúne, mas destacam-se também propostas ligadas a outros campos científicos, como as ciências sociais e a história, abrangendo temas como o desenvolvimento sustentável, a Amazônia, o Nordeste, a comunicação, que alargam o escopo dos debates do Centro, refletindo até a própria obra do Celso que, embora economista, sempre dialogou com outras disciplinas das ciências sociais e com a cultura”, afirmou o pesquisador.
A escolha da data, na segunda quinzena de agosto, quando as graduações e pós-graduações já estão em aula, visa também estimular a participação dos estudantes e pesquisadores no evento, de forma a expandir e fortalecer a rede nascida com o próprio Celso Furtado.
Segundo Ricardo Ismael, outro aspecto que a comissão organizadora procurou estimular, com o incentivo e apoio da própria diretora do Centro, Rosa Furtado, foi a participação no congresso também de atores sociais relevantes na vida do país. “Houve uma preocupação de incorporar ao debate os movimentos sociais que lutam pela afirmação de seus direitos, como o MST, as favelas, os movimentos de mulheres, dentre outros, que pudessem vir e falar, do seu ponto de vista, sobre como o Brasil está evoluindo”. O I Congresso Internacional do Centro Celso Furtado é aberto e gratuito e para participar basta se inscrever pelo email.