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Em busca das fontes de desenvolvimento do Nordeste


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Identificar, mapear e revelar fontes de crescimento da Região Nordeste ancoradas nos investimentos em infraestrutura e projetos produtivos, nos sistemas de educação e formação de recursos humanos, na ciência, tecnologia e inovação, e nas redes de transportes e logísticas, ou seja, aquelas capazes de garantir o desenvolvimento de longo prazo da região, será o principal esforço da mesa Transformações recentes no Nordeste brasileiro e desafios para as novas políticas de desenvolvimento, no 1º. Congresso Internacional do Centro Celso Furtado.

A mesa será coordenada pelo professor Jair do Amaral Filho, da Universidade Federal do Ceará, e terá as participações de Tânia Bacelar, da Universidade Federal de Pernambuco; Marcelo Perrupatto, secretário de Política Nacional de Transportes; Fernando Castilhos, do Departamento Regional do Nordeste do BNDES; e Luis Henrique Romani de Campos, da Fundação Joaquim Nabuco, do Recife.

Como pressuposto do debate está o fato de, nos últimos anos, a Região Nordeste vir apresentando taxas de crescimento, em média, acima das taxas nacionais. Mesmo sendo puxado pelo consumo das famílias, ele apresenta uma nova face, pois é um crescimento que está sendo acompanhado de inclusão social.

Como destacou Jair do Amaral Filho, a região Nordeste tem se beneficiado, mais do que qualquer outra região brasileira, do Programa Bolsa Família, dos benefícios previdenciários, da valorização do salário mínimo assim como das transferências financeiras intergovernamentais efetuadas através dos Fundos de Participação (FPE; FPM). Existem ainda as várias linhas de crédito e financiamento voltadas para os pequenos agricultores rurais assim como o Fundo Constitucional (FNE) direcionado para a região semiárida. Além disso, no momento se discute também as possibilidades de expansão do Fundo de Desenvolvimento para o Nordeste-FDNE.

“Como pode ser observado, a maioria desses benefícios é introduzida de fora para dentro da região e se transforma quase que imediatamente em liquidez, incrementando o consumo. Mesmo se considerarmos as obras de investimentos relacionados ao PAC e aos inúmeros projetos privados em implantação, vamos notar que estes ainda se encontram em fase de implantação, de construção civil, fase que envolve uma grande massa salarial que se transforma rapidamente em consumo,”, afirma o professor.

Segundo ele, não por acaso, dados da RAIS têm mostrado grande volume de empregos formais sendo criado nos segmentos do comércio, do setor público e construção civil, aspecto que tem sido conjugado com o “vazamento” de renda, em direção do Sudeste, em busca de importações de bens de consumo, mas também de insumos, máquinas e equipamentos.

“Não é demais lembrar que esse quadro tem se projetado como o cenário mais evidente na dinâmica de crescimento do Nordeste, pois é o quadro que oferece mais facilidade na sua captura, por meio de dados secundários disponibilizados pelos órgãos oficiais. Entretanto, o desafio da nossa mesa é o de procurar revelar outras fontes de crescimento da região”, afirmou Jair do Amaral.

Tal desafio se estende para a questão de saber se os esforços realizados nestes segmentos serão suficientes para provocar transformações estruturais importantes no Nordeste. “Não se trata de avançar em relação à participação do PIB nacional (hoje em 13%), continuando a fazer mais do mesmo, mas avançar no sentido de deslocar os eixos e os regimes de acumulação e crescimento, com aumento da produtividade e da distribuição de renda, engendrando um novo ciclo de crescimento. Neste sentido, cabe ainda perguntar se as instituições, estratégias e políticas de desenvolvimento assim como os modelos de coordenação, públicas e privadas, hoje em funcionamento, estão sendo adequados e suficientes para orientar e dirigir o desenvolvimento da região”.

Para o professor Jair do Amaral, seja qual for a via tomada por essas transformações ela terá que se dar dentro de um quadro nacional de desenvolvimento que, mais do que nunca, apresenta um grau elevado de integração com o resto do mundo.






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