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Amazônia: cidadania ou capitulação


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A reverberação de um colóquio impossível entre Chico Buarque, Ulysses Guimarães e Machado de Assis vai nos ajudar a entender a Amazônia.

A entender esta Amazônia e as suas agruras nos cem anos transcorridos desde 1912. E também as ameaças que a rondam e as glórias que a esperam no futuro insondável, o por vir depois de 2012. 1 Até onde sei, a aproximação temática entre os três luminares da MPB, do velho PMDB e da velhíssima ABL nunca foi antes aventada, tão distante está a Amazônia em relação aos seus berços, seus endereços e seus interesses. Entretanto, há uma intimidade óbvia entre criaturas suas assaz eminentes e emblemáticas. Refiro-me, em primeiro plano, ao liame entre a „Geny‟ do Chico e a „Cidadã‟ sem nome de batismo, de Ulysses. E, logo a seguir, o impacto da intromissão oblíqua da „Capitu‟ de Machado. Todas as três são polêmicas e contraditórias. Podem parecer, à primeira vista, água e óleos que nunca se misturam. E, no entanto, por trás dos panos, elas se cumprimentam, complementam e completam desde sempre.

As duas primeiras são praticamente contemporâneas. Geny, o rebotalho da Cidade, um pouco mais antiga, é de 1978. A Cidadã em que a Cidade se espelha, é de 1988. Geny foi revelada ao mundo na “Ópera do Malandro”. A Cidadã foi elevada aos altares patrióticos na obra da (re)ordenação política nacional. Geny vivia no submundo do mundo civilizado. A Cidadã foi promulgada impoluta e venerável desde a incubadora institucional. E, no entanto, a enigmática Capitu, correndo por fora, se escondia no lusco-fusco da Cidade mundana desde um século mais cedo e refugiava-se na intimidade humana de todos os tempos.

Proponho por isso dirigir um olhar atento a essa fundamental geomorfologia política e social que tanto nos interessa. Visitar os seus meandros e porões.

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