O ex-senador Roberto Saturnino Braga é o novo diretor-presidente do Centro Celso Furtado. Ele foi eleito no último dia 17 junho, no Rio de Janeiro, pelo Conselho Deliberativo da entidade. Com isso, a nova Diretoria tem a seguinte composição: além de Saturnino, Dulce Pandolfi, Marcos Formiga, Pedro Cezar Dutra Fonseca (também eleito no dia 17/06) e Ricardo Ismael.
Após ter conduzido sua primeira reunião de Diretoria e ter se reunido com o presidente do BNDES, professor Luciano Coutinho, em seguida à mudança do Centro para o Edifício Ventura, o novo diretor-presidente concedeu uma breve entrevista em que expôs seus planos no comando da instituição.
Audiência com o Presidente do BNDES, prof. Luciano Coutinho
1) Que importância o senhor confere ao Centro Celso Furtado, no que concerne à análise e ao debate do desenvolvimento sustentável do Brasil?
Saturnino – Desde a sua criação, em novembro de 2005, o Centro Celso Furtado tem a missão precípua de discutir os grandes temas nacionais, em especial aqueles que dizem respeito ao desenvolvimento do Brasil e de sua sociedade. Ao longo dos seus sete anos de atuação, o Centro conquistou o reconhecimento nacional como uma instituição de referência no que tange à aprofundada reflexão dos temas de caráter desenvolvimentistas. Vale acrescentar que para se chegar a essa condição, foi preciso aliar a alta e interdisciplinar qualificação de seus sócios e colaboradores, à competência das diretorias e conselhos que se sucederam até aqui, imbuídas dos propósitos da entidade.
2) De forma sintética, quais os objetivos do Centro Celso Furtado sob a sua gestão?
Saturnino – Vamos manter esse caráter investigativo e reflexivo que tem pautado a filosofia de atuação do Centro, desde a sua criação, e ampliar a dimensão internacional de nossas reflexões, promovendo atividades e cooperações nesse sentido. Por outro lado, e em síntese, é indiscutível que há uma nova etapa na história, em curso, cujo surgimento está se dando neste momento, com manifestações de inquietação em todas as partes do mundo. Por isso, pretendemos nos dedicar a atividades de formulação e debate a respeito do projeto de um novo desenvolvimento para o Brasil. E, nesse contexto, o Centro Celso Furtado é a instituição brasileira mais vinculada com esse projeto. Temos também a intenção de nos debruçarmos sobre projetos diretamente vinculados a nossos sócios patronos, bem como ampliar, nacionalmente, esse conjunto de associados. Vamos nos esforçar, também, para ampliar a divulgação de toda a produção intelectual e de conteúdo do Centro.
3) O Centro sempre teve uma grande vocação editorial. Há novos projetos nessa área?
Saturnino – Claro. Acabamos de lançar na semana passada a coleção Pensamento Crítico, que reúne obras em formato de livro digital (e-book), embora também em versão impressa. As obras que inauguraram a série são: Saúde, Cidadania e Desenvolvimento e Celso Furtado e a Dimensão Cultural do Desenvolvimento. Até o final deste ano serão publicados nesse mesmo formato outros dois títulos. A revista científica Cadernos do Desenvolvimento, com periodicidade semestral, e que está indo para a sua décima segunda edição, já se transformou numa publicação de referência do Centro Celso Furtado, pela sua abrangência e riqueza de conteúdo. Ainda neste ano daremos início ao quinto volume da coleção Memórias do Desenvolvimento, que versará sobre o tema BNDES: entre o desenvolvimentismo e o neoliberalismo (1982-2006), incluindo uma série de entrevistas com dirigentes e ex-dirigentes do Banco. Enfim, como se pode perceber essa vocação, como dito no enunciado, é uma característica intrínseca da nossa instituição, que será cada vez mais valorizada visando à ampliação seleta de leitores.
Roberto Saturnino Braga é formado em engenharia civil e econômica, com cursos da CEPAL e do ISEB. Foi funcionário do BNDES, a partir do primeiro concurso do Banco, em 1956. Teve longa vida política, como vereador, deputado federal e senador por três mandatos, tendo sido o primeiro prefeito do Rio de Janeiro eleito pelo voto direto do povo. Escritor com 15 livros publicados, de política e de literatura de ficção. Preside o Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e o Instituto Cultural Casa Grande.
Fotos: Centro Celso Furtado / Glauber Carvalho