O Plano Trienal e o Ministério do Planejamento Celso Furtado Rio de Janeiro: Centro Celso Furtado / Ed. Contraponto, 2011 500 p. ISBN:978-85-7866-021-5 |
Furtado cumpriu a tarefa com o empenho, o patriotismo e o brilhantismo de sempre. Em dezembro, entregou 447 páginas datilografadas, repletas de diagnósticos e propostas, tudo amparado em abundante evidência estatística. Era o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, que hoje assombra pela ousadia e a abrangência. Entre outros objetivos, o Plano pretendia recolocar o país na rota do crescimento, conter progressivamente a inflação, promover distribuição de renda, diminuir as desigualdades regionais, reestruturar a dívida externa e impulsionar as reformas de base.
O texto circulou, principalmente, em versão resumida. Poucos, até hoje, tiveram acesso ao trabalho integral, que publicamos neste quarto volume dos Arquivos Celso Furtado. Além de macroeconomia, ele apresenta dados sistematizados sobre saúde, educação, transportes, recursos minerais, energia, petróleo, agricultura, indústria e muitos outros setores da vida nacional, tornando-se uma preciosa fonte de informações sobre a sociedade brasileira da época.
Num quadro de polarização do debate, o pensamento independente de Celso Furtado atraiu críticas de todos os lados. Como mostra Rosa Freire d’Aguiar Furtado na Introdução, Eugênio Gudin, o patrono dos economistas liberais, se insurgiu contra as reformas que colocariam o país “numa semiditadura”, enquanto Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do Partido Comunista, denunciava a tentativa de manter os privilégios “da burguesia ligada aos interesses internacionais”. Nem uma coisa, nem outra. Era uma proposta para o Brasil que se baseava na melhor tradição do pensamento estruturalista latinoamericano.
O instável governo de João Goulart, que seria derrubado pelo golpe militar de 1964, não teve força política para implementar o Plano Trienal. Não obstante, o trabalho de Celso Furtado tornou-se um marco na história do pensamento econômico brasileiro.
César Benjamin
Celso Furtado
Veja o sumário e a introdução do livro no site da Editora Contraponto:
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