www.centrocelsofurtado.org.br


Coleção Arquivos Celso Furtado nº 4


Imprimir



O Plano Trienal e o Ministério do Planejamento
Celso Furtado
Rio de Janeiro: Centro Celso Furtado / Ed. Contraponto, 2011
500 p.
ISBN:978-85-7866-021-5

 

Em setembro de 1962, Celso Furtado recebeu do presidente João Goulart uma missão dificílima: elaborar em três meses um abrangente plano de governo. Em um cenário de crise, o país se preparava para o plebiscito que poria fim à experiência parlamentarista inaugurada em 1961. Na economia, a taxa de crescimento era declinante, enquanto a inflação e o déficit no balanço de pagamentos aumentavam, tudo apontando para desequilíbrios estruturais importantes. A política estava em ebulição: indefinição sobre a forma de governo, tensão militar, debates sobre as reformas de base, crescentes reivindicações sociais.

Furtado cumpriu a tarefa com o empenho, o patriotismo e o brilhantismo de sempre. Em dezembro, entregou 447 páginas datilografadas, repletas de diagnósticos e propostas, tudo amparado em abundante evidência estatística. Era o Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social, que hoje assombra pela ousadia e a abrangência. Entre outros objetivos, o Plano pretendia recolocar o país na rota do crescimento, conter progressivamente a inflação, promover distribuição de renda, diminuir as desigualdades regionais, reestruturar a dívida externa e impulsionar as reformas de base.

O texto circulou, principalmente, em versão resumida. Poucos, até hoje, tiveram acesso ao trabalho integral, que publicamos neste quarto volume dos Arquivos Celso Furtado. Além de macroeconomia, ele apresenta dados sistematizados sobre saúde, educação, transportes, recursos minerais, energia, petróleo, agricultura, indústria e muitos outros setores da vida nacional, tornando-se uma preciosa fonte de informações sobre a sociedade brasileira da época.

Num quadro de polarização do debate, o pensamento independente de Celso Furtado atraiu críticas de todos os lados. Como mostra Rosa Freire d’Aguiar Furtado na Introdução, Eugênio Gudin, o patrono dos economistas liberais, se insurgiu contra as reformas que colocariam o país “numa semiditadura”, enquanto Luiz Carlos Prestes, secretário-geral do Partido Comunista, denunciava a tentativa de manter os privilégios “da burguesia ligada aos interesses internacionais”. Nem uma coisa, nem outra. Era uma proposta para o Brasil que se baseava na melhor tradição do pensamento estruturalista latinoamericano.

    O instável governo de João Goulart, que seria derrubado pelo golpe militar de 1964, não teve força política para implementar o Plano Trienal. Não obstante, o trabalho de Celso Furtado tornou-se um marco na história do pensamento econômico brasileiro.

César Benjamin

Em primeiro lugar não se considera o Brasil uma economia enferma, e sim um vigoroso organismo que por todos os meios vem procurando solucionar os seus problemas. [...] Em segundo lugar, não se parte da tese pessimista de que é necessário parar o desenvolvimento para eliminar a inflação. [...] Em terceiro lugar, se supera a tese, remanescente da mentalidade de formação colonial que ainda perdura em grande parte de nossa elite, segundo a qual o Brasil somente poderá se desenvolver se for carregado nas costas pelos Estados Unidos. O desenvolvimento do Brasil é fruto do trabalho dos brasileiros, e este trabalho poderá ser ainda muito mais frutífero se disciplinado por um autêntico planejamento.

Celso Furtado

 

Veja o sumário e a introdução do livro no site da Editora Contraponto:
http://www.contrapontoeditora.com.br/produtos/detalhe.php?id=242






Centro Celso Furtado © 2006 - Todos os direitos reservados