Durante três semanas, especialistas de diversas áreas e representantes da sociedade civil estarão reunidos, virtualmente, em torno de temas como a economia verde, a segurança alimentar, a produção e o consumo sustentáveis e mudanças climáticas. É que de 9 e 30 de abril, o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) realizará, juntamente com o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA), o Congresso Virtual Internacional Economia Verde e Inclusão Socioprodutiva: o papel da agricultura familiar.
O intuito dos organizadores é fazer um encontro virtual preparatório para a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre duas décadas após a Rio-92. O resultado dos debates do Congresso serão levados para apreciação durante a Rio+20, que será realizada no Rio de Janeiro, entre os dias 13 e 22 de junho.
O congresso será todo realizado pela internet. Para participar, os usuários precisam apenas de uma conexão à rede mundial e um endereço de e-mail. As inscrições podem ser feitas pelo site
http://www.congressorio20.org.br/sitio/. Após cadastrar-se, o usuário receberá um login e senha. Toda a participação se dará virtualmente, por meio de vídeos e fóruns. Cada um dos palestrantes gravará um vídeo de 20 minutos, que será, então, comentado por dois convidados. Após assistirem aos vídeos, os participantes poderão submeter suas opiniões e dúvidas; e ainda documentos, vídeos e relatos aos organizadores, que avaliarão o material para postagem no site (dúvidas pelo e-mail
contato@congressorio20.org.br). A participação no Congresso é gratuita – basta apenas preencher o formulário de inscrição no site.
Acadêmicos de diversas áreas foram convidados para participar dos debates, que será em três eixos (desenvolvimento rural sustentável, soberania alimentar, e recursos naturais e produção e consumo responsáveis) e responder a perguntas dos usuários.
Estão confirmadas as participações de Renato Maluf, professor do curso de pós-graduação em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade (da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e presidente do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea); Ricardo Abramovay, professor titular da USP; e Tânia Bacelar, professora da UFPE, dentre outros especialistas.
A palestra magna, que abre o congresso, será ministrada pela professora Tânia Bacelar. A primeira rodada de discussões terá como eixo central o Desenvolvimento rural Sustentável; seguido de Soberania Alimentar e Recursos Naturais e; por último, Produção e Consumo Sustentável. Cada eixo ficará aberto para os debates durante uma semana.
O professor Renato Maluf, do Consea e do CPDA, que ministrará a palestra do segundo eixo juntamente com o professor Ricardo Abramovay, acredita que a conferência virtual é muito importante para ampliar o debate sobre temas que ainda são controversos e geram dúvidas. “A internet é um instrumento de comunicação muito poderoso, de tal maneira que essa discussão não ficará restrita a poucas pessoas e ajudará a melhorar a compreensão sobre os desafios do desenvolvimento sustentável”, afirmou.
Ricardo abordará a relação da soberania alimentar com o uso sustentável dos recursos naturais. “Nesta relação, encontramos alguns desafios, como a promoção da soberania alimentar com o uso de recursos naturais, a necessidade de uma profunda revisão do atual modelo agrícola, especialmente aquela monocultura de grande escala e a elevada utilização de agrotóxicos. Por esse caminho podemos chegar à valorização da agricultura familiar diversificada, com base em um método agroecológico”, explica.
O evento está sendo organizado pelo IICA e pelo MDA, por meio do Núcleo de Estudos Agrícolas e Desenvolvimento Rural (Nead) e da Secretaria de Desenvolvimento Territorial (SDT). Guilherme Abrahão, coordenador executivo do Nead e um dos responsáveis pela organização do congresso, afirma que o evento terá o importante papel de abrir um canal de comunicação entre o MDA e a sociedade civil como preparação para a Rio+20. “Com essa plataforma e esse curso, vamos antecipar a participação da sociedade na Rio+20”, argumenta.
Guilherme explica que o grande desafio do MDA é colocar a agricultura familiar no centro da discussão. “A agricultura familiar é indutora do processo de desenvolvimento sustentável. O agricultor familiar tem a noção direta de que, preservando os recursos naturais, ele aumenta sua produção e produz por mais tempo”, completa.
A consultora de meio ambiente da assessoria internacional do MDA, Carolina Rizzi Starr, também destaca o papel do evento como fórum de debates para a sociedade. “Esse Congresso será muito importante para mobilizar a sociedade civil para a discussão sobre o desenvolvimento sustentável, fomentando o debate para a Rio+20”, avalia.
Carolina explica que qualquer pessoa de qualquer país poderá participar dos debates – basta se inscrever no site. Ela conta, porém, que o alvo será envolver participantes de países da América Latina, de onde virão alguns dos palestrantes. As palestras em espanhol contarão com legendas em português. Já os comentários poderão ser feitos em qualquer idioma, e serão todos traduzidos para o português.
A possibilidade de participação de usuários internacionais é muito importante, sobretudo pela natureza global do evento como a Rio+20, mas também para elevar o número de participantes, que de acordo com Guilherme Abrahão, é ilimitado. A expectativa, no entanto, é de que entre cinco e dez mil pessoas participem dos debates.