Editora do Senado Federal, 2018.
Com grande pesar, o Centro Celso Furtado recebeu a comunicação do falecimento de Roberto Saturnino Braga hoje, 3 de outubro de 2024, no Rio de Janeiro. Senador da República, Deputado, Vereador e Prefeito foram cargos eletivos que fizeram parte da sua trajetória de homem público. Orgulhava-se, contudo, de ser servidor do BNDE (ainda assim grafado) em seu primeiro concurso. Orgulhava-se, também, sem nenhum traço de soberba, de ser um construtor do Brasil, um formulador de políticas de desenvolvimento. No Centro Celso Furtado desde sua fundação, Saturnino Braga foi conselheiro e diretor-presidente; gestor, articulador e interlocutor do Centro em múltiplas ocasiões e lugares, no Brasil, de Norte a Sul, e mesmo no exterior, sobretudo em períodos mais complexos e adversos. Aos 93 anos, completados no último 13 de setembro, Saturnino se destacou em muitos campos ao longo de sua jornada, como na música, na política, na escrita etc. Em todos eles, sua capacidade de diálogo e comunicação, sem dúvida, esteve sempre presente como força motriz. Dialogava entre diversos campos do conhecimento, dialogava com seus pares municipais, estaduais e federais e, muito especialmente, também dialogava com a juventude. Agregava a todos e procurava formar com sua produção literária e, sobretudo, com sua experiência. Sua vocação política foi direcionada para pensar o Rio de Janeiro, o Brasil, o mundo e foi impulsionada para o fortalecimento da democracia e para a promoção da paz. Deixa um gigante legado de ética pública e de esperança de um mundo melhor para sua família, amigos, eleitores e admiradores.
Glauber Cardoso Carvalho
Universidade Federal de Rorãima
Centro Celso Furtado
Carmém Feijó, Pepe Mujica, Saturnino Braga e Rosa Freire d'Aguiar. Uruguai, 2017.
Foi-se Roberto Saturnino Braga, ex-prefeito do Rio, senador da República, e muitos outros títulos que quem o conheceu, aqui e ali, relembrará. Prefiro lembrar o Saturnino amigo de horas nem sempre fáceis, que presidiu o Centro Celso Furtado por muitos anos, que foi um político irreprochável, que sempre defendeu valores de esquerda, o humanismo, a solidariedade - palavra que ele achava que faltava à divisa da Revolução Francesa -, a soberania nacional e tantos sólidos conceitos que, vez por outra, parecem já não frequentar a pauta (e a cabeça) dos políticos de hoje.
Tenho muitas fotos ao lado de Saturnino. Se escolho esta, em que estamos nós dois, a economista Carmem Feijó e Pepe Mujica, é porque penso que ele e o ex-presidente uruguaio tinham uma afinidade perfeita em visões de mundo, percepções sobre os problemas e possibilidades da América Latina, princípios de democracia. A entrevista que fizemos com Mujica, em seu sítio nos arredores de Montevideo, foi um momento mágico em que dois grandes políticos puderam conversar em torno do que mais gostavam: respirar, transpirar a arte da política pautada pela ética, pelo interesse da coisa pública.
Todo o carinho a Maria Adelia, Bruno e Antonio.
Rosa Freire D'Aguiar
Centro Celso Furtado
Roberto Saturnino Braga. Intérpretes do pensamento desenvolvimentista. (Entrevista). Cadernos do Desenvolvimento, v. 11, n. 18, 2016. Disponível em: http://www.cadernosdodesenvolvimento.org.br/ojs-2.4.8/index.php/cdes/article/view/85/85