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Chamada para Dossiê: 100 anos de Celso Furtado


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Dossiê 100 anos de Celso Furtado

Nascido em julho de 1920, Celso Furtado está, certamente, entre os principais pensadores sociais brasileiros e sua relevância extrapola as fronteiras nacionais. Ao longo de mais de 50 anos escreveu sobre temas variados; abordou as dimensões políticas, econômicas, culturais, burocráticas etc., da sociedade e do Estado brasileiro; visitou teorias sociológicas, antropológicas, econômicas e políticas; participou de eventos políticos relevantes da história do país quando colaborou com governos nacionais. Seus escritos suscitaram grande debate dentro e fora da academia e, sem dúvida, ainda hoje podem orientar análises de relevo para o mundo social. Na medida em que os rumos da história aponta para caminhos tortuosos, quando não para regressos civilizatórios, tanto mais parece o caso de recorrermos e resgatarmos o legado de intelectuais como Celso Furtado.
 
1) Pensar com e sobre Celso Furtado: autor de obra vasta e profunda, Furtado deixou um legado relevante para o pensamento social e político brasileiro, assim como deixou pistas abertas para o prosseguimento de investigações sobre o Brasil. Seus textos autobiográficos, além do mais, são estímulos para uma história e/ou uma sociologia das ideias.
 
 2) As contribuições do autor para pensar o Brasil, a América Latina e o mundo contemporâneo: Furtado obteve grande relevância ao situar o Brasil e a América Latina, em razão da influência de Raúl Prebisch e da escola cepalina, no contexto da configuração centro-periferia e, com isso, elevar o debate sobre os problemas nacionais e regional a um nível mais sofisticado e complexo. A temática dos poderes globais, das relações internacionais, das dependências etc., geraram e continuam gerando frutíferos debates e análises.
 
 3) As contribuições do autor para a temática das desigualdades regionais internas: o Nordeste brasileiro sempre teve atenção particular de Celso Furtado em razão das visíveis discrepâncias existentes entre esta região e os polos considerados mais desenvolvidos do País. Que contribuições deixara Furtado para pensar o Nordeste hoje? Que legado deixara o autor para a temática das desigualdades regionais?
 
 4) A teoria do subdesenvolvimento: depois de décadas dedicadas à temática do subdesenvolvimento Furtado afirma, em O longo amanhecer (documentário produzido por José Mariani) que uma teoria do subdesenvolvimento ainda estava por ser feita. Claramente, ele deixou indicações teóricas e metodológicas fundamentais para tal propósito. Desse modo, o convite feito pelo autor permanece como provocação para o aprofundamento das discussões e análises a respeito do conceito, das definições, das características e das dinâmicas do subdesenvolvimento.
 
 5) Desenvolvimento e democracia: de que maneira se conectam em seus escritos esses dois conceitos fundamentais? O que se entende por desenvolvimento na obra de Furtado não é tema livre de controvérsias. Ao longo de muitos textos o pensador brasileiro destacou aspectos diversos deste conceito polissêmico. Desde muito cedo a democracia foi abordada como fundamento inegociável da definição do desenvolvimento, mas são muitas as possibilidades de exploração dessa relação intrincada.
 
6) O diálogo com outros autores: Francisco de Oliveira em “Viagem ao olho do furacão” (in Navegação Venturosa: Ensaios sobre Celso Furtado) levanta uma questão interessante relativa ao modo como Furtado estabeleceu o debate com seus interlocutores intelectuais. Sabe-se que ele conhecia as obras de Gilberto Freyre, Sérgio Buarque de Holanda e Caio Prado Jr., mas esses autores pouco aparecem nos principais escritos do autor, não obstante as evidencias de influência, sobretudo de Prado Jr. e Freyre, visíveis, por exemplo, em sua tese de doutorado sobre Economia Colonial. Análises comparativas com esses e com outros/as autores/as são bem-vindas para, somados aos demais tópicos desta ementa, enriquecer a fortuna crítica deste importante pensador social brasileiro.
 
Submeta o artigo em: www.rcs.ufc.br
 
Prazo: 30 de julho de 2019.
 
Organizadores:
Maria José de Rezende (UEL)
Fabio Akira Shishito (USP)





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