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"Um sonho intenso" - Estreia dia 23 de abril


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Um Sonho Intenso, novo documentário de José Mariani, que foi exibido no Festival Internacional É Tudo Verdade e no 2º Congresso Internacional do Centro Celso Furtado, em 2014, entra agora no circuito comercial de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo.

Veja o trailer:

 
 
 
 
“Um sonho intenso “— a economia brasileira sob o olhar do cinema documental
 
 
 
O cineasta José Mariani já realizara um documentário exemplar --" O longo amanhecer-cine biografia de Celso Furtado" --- menção honrosa no festival É tudo verdade, de 2007.
 
Como um tema tão árido como economia podia se transformar em um filme agradável, instigante e ao mesmo tempo muito claro e denso ?
 
Pois Mariani mostrou que é possível, sim, e volta à carga neste ano de  2014  com  um novo documentário --"Um sonho intenso" --- que retoma por um outro viés a temática do desenvolvimentismo, tônica do primeiro trabalho.
 
"Este documentário de certa forma é um desdobramento daquele sobre o Celso Furtado. Só que desta vez o protagonista é o processo,  uma visão de história que inclui a história social, cultural, econômica, uma forma de ver a economia de modo orgânico" explica o diretor José Mariani.
 
Vale dizer que "Um sonho intenso" foi igualmente selecionado para o Festival É tudo verdade, e será exibido na mostra “O estado das coisas”, horários a serem conferidos abaixo. 
 
Para fazer este novo documentário Mariani recorreu a vários personagens: à nata dos pensadores da economia brasileira, mas também a historiadores e sociólogos, que nos oferecem uma história comentada do desenvolvimento socioeconômico de 1930 até os dias atuais.
 
"O que é o Brasil, o que é ser brasileiro ?" pergunta no inicio do documentário o economista Carlos Lessa." O que o Brasil tem de paradigmas para mostrar para o resto do mundo?”
 
No decorrer dos inúmeros depoimentos e análises, todos estes "personagens" - Maria da Conceição Tavares, Carlos Lessa, Celso Amorim, Francisco de Oliveira, João Manuel Cardoso de Melo, Luiz Gonzaga Belluzzo, Ricardo Bielschowsky, José Murilo de Carvalho, Lena Lavinas, entre outros vão tecendo interpretações sobre a persistência do subdesenvolvimento brasileiro ao lado dos avanços alcançados.
 
“E aí podemos  nos surpreender por uma visão menos preconceituosa --- e mais moderna --do primeiro período da era Vargas, bem como por uma visão contemporânea do desenvolvimentismo do período JK, um período muito alegre, estimulante, com a bossa nova, a construção de Brasília, a marcha para o oeste", nos dizeres da economista Maria da Conceição Tavares.
 
Não escapam as análises sobre o governo Goulart e uma profunda reflexão sobre os anos da ditadura e todo o seu processo do ponto de vista econômico, uma análise de seus atores,  tanto militares quanto civis, as estatizações, os planos nacionais de desenvolvimento, que, segundo Carlos Lessa, “eram uma versão hiper autoritária da proposta de desenvolvimento industrial do passado".
 
De qualquer modo a opinião de todos estes cientistas é que se manteve sempre os dois Brasis: o do sudeste e o do norte e nordeste, como chama a atenção a economista Maria da Conceição Tavares. "Não aconteceu nada com a miséria real. O país reproduzia o subdesenvolvimento à medida que o país se desenvolvia, pois este desenvolvimento era voltado para as classes médias”.
 
A "diretas já", a inimaginável tragédia de Tancredo Neves, o governo Sarney e seus sucessivos planos que vão por água abaixo, a inflação galopante, tudo passa pelo pente fino de nossos economistas e historiadores. O desastre Collor e os poucos pontos positivos do governo Itamar, cuja única vitória foi de sustentar o plano real e conseguir conter a inflação.
 
As privatizações de Fernando Henrique Cardoso, "fruto de um vagalhão neoliberal, que não serviram para nada" nos dizeres de João Manuel Cardoso de Melo, e que, para Carlos Lessa, "acabaram com o projeto de soberania nacional".
 
E finalmente análises consistentes dos dois mandatos de Lula, que segundo Carlos Lessa, “teve a felicidade de puxar os de baixo para cima e integrar estas pessoas ao mercado de consumo e ao mercado de crédito” e que assim se interroga no final do documentário: “Nós vivemos a armadilha do pensamento econômico... é razoável explicar o presente mas é extremamente difícil pensar o futuro”.
 
 
 





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