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Coleção Arquivos Celso Furtado nº 1


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Ensaios sobre a Venezuela: subdesenvolvimento com abundância de divisas
Celso Furtado
Rio de Janeiro: Centro Celso Furtado / Editora Contraponto, 2008
188 páginas
ISBN: 978-85-7866-003-1
 
São assim, perenes, os trabalhos dos grandes mestres, que, por isso, precisam ser relidos sempre.” Com essa conclusão, o jornalista e editor da Contraponto, César Benjamin, encerra o texto publicado na orelha do primeiro número da Coleção Arquivos Celso Furtado, que traz dois estudos sobre o singular caso da Venezuela.
 
 
 
Celso Furtado praticamente dispensa apresentações. Foi o maior intelectual brasileiro do século XX. Mais do que técnico, professor ou ministro, mais do que homem público exemplar, personificou a esperança desenvolvimentista. Mais do que economista, foi um homem de cultura, com sólida formação humanista e um dom primoroso para a exposição de ideias – em salas de aula, em conferências ou em textos de admirável elegância e clareza. Alguns de seus livros tornaram-se clássicos e foram traduzidos no mundo inteiro.
 
Metódico, organizado, Furtado deixou riquíssima documentação: manuscritos, anotações detalhadas de cursos, estudos preliminares, relatórios, correspondência, entrevistas e artigos que hoje estão inacessíveis. É sobre esse material que Rosa Freire d’Aguiar Furtado se debruçou para organizar os Arquivos Celso Furtado, que o Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e a editora Contraponto começam a publicar, com previsão inicial de 12 volumes, para que a obra do nosso maior pensador fique, de fato, completa. Em cada um deles, autores contemporâneos serão chamados a comentar esses trabalhos inéditos.
 
Começamos com dois estudos, extremamente atuais, sobre o singular caso da Venezuela, complementados por uma bela entrevista concedida lá, em 1974. Enviado a esse país, pela primeira vez, em 1957, em missão da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), Furtado logo percebeu que a presença de um recurso natural abundante – no caso, o petróleo – produzia um excedente estrutural nas contas externas e mantinha a taxa de câmbio em uma posição incompatível com a diversificação da base produtiva local. Desarticulado dos demais setores, o moderno setor exportador não impulsionava a modernização do conjunto da economia. Como a produção de petróleo e as atividades a ela diretamente associadas só absorviam uma pequena parcela da população, a grande maioria dos venezuelanos permanecia em atividades de baixa produtividade. Daí a expressão, aparentemente paradoxal, de que a Venezuela era um caso atípico de “subdesenvolvimento com abundância de divisas”.
 

Como mostram neste volume o professor Carlos Aguiar de Medeiros e o economista argelino Abdelkader Sid Ahmed, a análise pioneira de Celso Furtado ultrapassa a problemática venezuelana e a época em que foi formulada, projetando luz sobre questões de hoje, inclusive no Brasil. São assim, perenes, os trabalhos dos grandes mestres, que, por isso, precisam ser relidos sempre. (CÉSAR BENJAMIN)






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