A edição número 30 da revista Cadernos do Desenvolvimento (agosto-dezembro de 2021), composta de sete artigos e uma resenha, traz uma rica variedade de discussões sobre o pensamento de Celso Furtado e do campo de pesquisas sobre o tema do desenvolvimento.

 

Sobre o pensamento de Celso Furtado, os artigos mostram uma gama de visões e pesquisas sobre a ampla produção desse grande pensador brasileiro. Observamos em Revisitando o ecletismo de Celso Furtado: a economia neoclássica em Formação Econômica do Brasil, de Hélio Alonso de Aguilar Filho & Hermógenes Saviani Filho, a busca em identificar elementos do instrumental neoclássico nessa grande obra, mesmo adotando um método histórico e estruturalista. No artigo Seria Furtado um smithiano eclético?, de Alexandre Lyra Martins, o autor defende a tese de que Furtado, em princípio, segue os paradigmas propostos por Adam Smith nos marcos metodológicos e éticos, mas que, a partir da introdução de uma variante metodológica e um novo marco conceitual-histórico correspondente, ocorre uma reformulação de sua perspectiva teórica. Em Os efeitos da legislação internacional sobre a propriedade intelectual nas relações centro-periferia à luz do pensamento de Celso Furtado, de Pollyanna Paganoto Moura, Camila dos Santos Nogueira & Aline Faé Stocco, as autoras partem da análise de Furtado sobre as economias subdesenvolvidas, em especial no domínio tecnológico, como a causa primeira da dependência, para apresentarem as conexões entre subdesenvolvimento, dependência e domínio tecnológico para com isso lançarem luz sobre o tema da propriedade intelectual, causa atual de aprofundamento da cisão entre as nações periféricas e centrais. No artigo Planejamento, desenvolvimento econômico e democracia nos escritos de juventude de Celso Furtado, de Renato Nataniel Wasques, o autor busca explicitar e organizar as ideias de Furtado sobre planejamento, desenvolvimento econômico e democracia, tendo como referência os seus escritos de juventude, da década de 1940. Em Celso Furtado e a história do Brasil: um romance inacabado, de Alexandre de Freitas Barbosa, busca-se analisar  a fusão do personagem Celso Furtado com a história brasileira (encarada também como outro personagem) a qual encontra o seu ápice, segundo o autor, com a publicação de Formação Econômica do Brasil, em 1959, e que a partir de 1964 assume novas configurações, trazendo a atualidade de seu pensamento para os desafios do Brasil atual.

 

Sobre a temática do desenvolvimento/subdesenvolvimento, o artigo Financeirização e seus impactos na dinâmica econômica dos países em desenvolvimento, de Júlia Teixeira Leal, busca apresentar as especificidades do processo de financeirização nos países em desenvolvimento e o artigo Trabalho e precariedade na periferia latino-americana: novas dimensões de um velho problema, de Thiago Oliveira, em que o autor discute em perspectiva histórica a precariedade do trabalho na periferia latino-americana.

 

Por fim, cabe mencionar que as reflexões de Celso Furtado também se constituem no tema da resenha do livro Correspondência Intelectual: 1949-2004 (Companhia das Letras, 2021; organizado por Rosa Freire d’Aguiar), elaborada por Roberto Pereira da Silva.

 

Boa leitura! 

 

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