A Rede de Macroeconomia Ecológica (MacroEco), uma iniciativa do Centro Internacional Celso Furtado com apoio do CNPq, realizou um seminário online na última quarta-feira (28/05) para debater as complexas conexões entre problemas ambientais, como desmatamento e estresse hídrico, e suas implicações para o sistema financeiro. O evento virtual teve como destaque a apresentação da pesquisadora Maria Nikolaidi, da Universidade de Greenwich, que detalhou seu inovador modelo macroeconômico DEFINE – (Dynamic Ecosystem Finance Economy).
Dra. Nikolaidi é Professora Associada de Economia na Universidade de Greenwich e membro do Fórum de Macroeconomia e Políticas Macroeconômicas (FMM). Suas áreas de pesquisa, que incluem políticas macrofinanceiras, macroeconomia ecológica e fragilidade financeira, foram centrais para a discussão. Com trabalhos publicados em periódicos revisados por pares de prestígio, como o Ecological Economics e o Cambridge Journal of Economics, e experiência em projetos sobre modelagem macroeconômica ecológica e a ecologização da política monetária, a pesquisadora apresentou as bases do modelo DEFINE (Dynamic Ecosystem Finance Economy).
Nikolaidi explicou que o modelo DEFINE e suas extensões analisam a intrincada relação entre o uso da terra, da água e o sistema financeiro. Essa abordagem se diferencia de modelos mais tradicionais, que tendem a focar predominantemente nas mudanças climáticas. “Nosso trabalho se concentra em como problemas ambientais, além da mudança climática, como a degradação da terra e a escassez de água, interagem com o sistema macrofinanceiro”, pontuou a pesquisadora durante sua apresentação online.
A estrutura do DEFINE incorpora matrizes de estoque-fluxo tanto físicas quanto monetárias, permitindo um monitoramento detalhado do uso de matéria e energia na produção. O modelo também abrange a modelagem de setores específicos (agricultura, mineração, eletricidade e outros), reciclagem, e os ciclos de energia, terra e água. Uma das principais inovações, segundo Nikolaidi, é a inclusão de um indicador de “pegada ambiental” para avaliar o desempenho setorial, oferecendo uma visão mais abrangente do impacto das atividades econômicas.
Durante o seminário transmitido pela internet, foram compartilhadas simulações preliminares de políticas verdes, como o financiamento verde e o investimento público verde, e suas respectivas implicações macroeconômicas. Nikolaidi também discutiu as limitações atuais do modelo e os planos para futuras extensões, incentivando o debate e novas linhas de pesquisa.
O debate online foi enriquecido com perguntas e comentários de especialistas como Guilherme Morlin, José Bruno Ramos Torres Fevereiro, Matthieu Bordenave, Katy Kedward e Gabriel Santos Carneiro, que abordaram diversos aspectos técnicos e conceituais do modelo.
A Rede MacroEco anunciou que continuará a promover debates e workshops sobre o tema ao longo de 2025.