Semana de Economia Brasileira CICEF-BNDES resgata avanços dos últimos 40 anos

Fotos: Juliana Portella e Claudio Correa

A abertura da 1ª Semana de Economia Brasileira CICEF–BNDES, realizada no Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro, reuniu representantes de instituições públicas e do pensamento econômico nacional para discutir os rumos do país após quatro décadas de transformações. A mesa inaugural contou com a Secretária de Economia Criativa do Ministério da Cultura e diretora do Centro Celso Furtado, Cláudia Sousa Leitão; o Diretor-Presidente do Centro Internacional Celso Furtado, Carlos Pinkusfeld Bastos; e o Diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES, Nelson Henrique Barbosa.

Em suas falas, os participantes ressaltaram o papel estratégico do Estado, a importância das políticas públicas e o legado intelectual de Celso Furtado para compreender os ciclos econômicos do Brasil. Para Cláudia Leitão, o encontro reafirma a necessidade de recolocar o desenvolvimento no centro da agenda pública: “O Brasil vive um momento em que pensar desenvolvimento não é uma opção, é uma urgência. E essa reflexão precisa integrar cultura, economia e território, como Celso Furtado sempre defendeu.” 

Esther Dweck: crescimento com redução da desigualdade

Participando virtualmente, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, apresentou um diagnóstico da economia brasileira e defendeu que o país atravessa um novo ciclo de desenvolvimento. Segundo ela, os dez primeiros trimestres do atual governo já superam o desempenho econômico do período anterior, com recuperação da indústria, aumento da renda e redução da informalidade.

Dweck destacou a mudança estrutural da política tributária e sua importância para tornar o crescimento mais inclusivo. “Voltamos a crescer reduzindo desigualdades. Isso é raro na nossa história. E avançamos porque, pela primeira vez em décadas, enfrentamos a raiz da desigualdade: fluxos de renda isentos de tributação, como lucros e dividendos.”

Ela também reforçou que o Brasil precisa consolidar esse ciclo e ampliá-lo: “Os resultados são importantes, mas é preciso ir além: crescer mais, investir mais e reduzir ainda mais as desigualdades. Essa é a agenda colocada para o país.”

O legado institucional e a resiliência democrática

Ao relembrar a fundação do Centro Internacional Celso Furtado pelo presidente Lula há 20 anos, o diretor-presidente do CICEF, Carlos Pinkusfeld Bastos, ressaltou a resiliência da instituição em períodos de fortes tensões políticas e avanços do conservadorismo: “O Centro acaba de completar 20 anos e ´ainda estamos aqui´. O Centro atravessou governos mais e menos democráticos porque sua missão ultrapassa conjunturas.” Bastos avaliou que esta primeira edição da Semana de Economia Brasileira simboliza o retorno do debate público estruturado sobre políticas de longo prazo e a necessidade de consensos mínimos em torno de um projeto nacional.

Debates ao longo da semana

A programação, que segue até o dia 5, reúne especialistas para revisitar episódios decisivos desde 1983 — crise da dívida externa, hiperinflação, estabilização monetária com choques cambiais, crescimento com distribuição de renda e períodos de estagnação. A agenda também destaca desafios contemporâneos, como mudança climática, transição energética, transformação tecnológica, demografia e sustentabilidade do modelo de proteção social.

Para Cláudia Leitão, refletir sobre esses ciclos é crucial para reposicionar o país no século XXI: “Precisamos de um desenvolvimento que seja inclusivo, inovador e atento à diversidade brasileira. Sem isso, qualquer crescimento será incompleto.”

Desenvolvimento como projeto de Estado

O diretor de Planejamento e Relações institucionais do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Barbosa, destacou que a semana de comemoração é a primeira de várias outras que virão.

A ideia de fazer o evento surgiu de trabalho que o banco de financiamento já vinha  promovendo, desde que o atual presidente, Aloizio Mercadante, tomou posse. “É recuperar o papel do BNDES na promoção do debate sobre política econômica brasileira”, disse.

Durante o evento, pela manhã, foram relembradas as crises e a recuperação do país, sua posição como foco do crescimento, redução da pobreza, integração no mercado de trabalho e geração de emprego.

O Brasil conseguiu estabilizar e fazer a evolução, disse Barbosa. Conseguimos reduzir a pobreza, criar o sistema de saúde pública universal, em um país de mais de 100 milhões de habitantes. Temos uma rede de transferência de renda que ajuda no combate à pobreza e nos períodos de crise, como na pandemia de covid-19. E hoje estamos no debate tradicional de todas as democracias, que é o debate fiscal”.

Ao final da cerimônia, os organizadores defenderam que o país atravessa um momento de oportunidade, mas que seus avanços dependem de ampliar investimentos, fortalecer capacidades do Estado e construir consensos duradouros.

A Semana de Economia Brasileira segue como um espaço para promover esse diálogo e renovar a formulação de políticas para os próximos anos.

 

Sobre o CICEF: O Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento (CICEF) é uma instituição dedicada à pesquisa e ao debate sobre o desenvolvimento brasileiro, com foco em questões sociais, políticas e regionais.

Para mais informações e entrevistas:

ASCOM – ascom@centrocelsofurtado.org.br