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Coleção Arquivos Celso Furtado nº 2


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Economia do desenvolvimento
Celso Furtado
Rio de Janeiro: Centro Celso Furtado / Editora Contraponto, 2009
256 páginas
ISBN: 978-85-7866-010-9

 São reproduzidos neste número da Coleção Arquivos Celso Furtado os textos que ele preparou para o curso ministrado na PUC-SP em 1975. O livro foi lançado no dia 18 de maio de 2009, no mesmo auditório onde Celso Furtado ministrou o curso.

 
O Centro Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento e a Editora Contraponto prosseguem a publicação dos Arquivos Celso Furtado, previstos para doze volumes que reunirão a rica documentação deixada pelo nosso maior intelectual: manuscritos, notas de aulas, estudos preliminares, relatórios, correspondência, entrevistas e artigos que hoje estão inacessíveis. O primeiro volume girou em torno dos estudos sobre a Venezuela: subdesenvolvimento com abundância de divisas. Neste, a peça central são as detalhadas anotações de Furtado para o curso que ministrou na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo em 1975, intitulado Economia do desenvolvimento.
 
Além da relevância do conteúdo – pois aqui vemos Furtado, como professor, em plena maturidade –, o curso tem também importância histórica por ter sido a primeira atividade acadêmica do mestre no Brasil desde a cassação de seus direitos políticos em 1964. No texto introdutório, Rosa Freire d’Aguiar Furtado, diretora da coleção, conta as circunstâncias em que ocorreu o fim do longo exílio, ainda em plena vigência do regime militar.
 
Na época do curso, Furtado dedicava-se a estudar as transformações do sistema mundial, que havia experimentado o primeiro choque do petróleo e começava a deixar para trás a ordem econômica instituída pelos Acordos de Bretton Woods (1944). “Necessitamos ver mais claro o quadro geral para poder aprofundar o estudo do subdesenvolvimento”, escreveu. A preocupação com o que ocorria no mundo desenvolvido vinculava-se, como se vê, à temática que ocupou grande parte do seu esforço intelectual durante toda a vida.
 
Furtado recém-apresentara em Teerã o texto O capitalismo pós-nacional, que também publicamos aqui. Suas observações, lidas hoje, se mostram proféticas: “As fronteiras dos antigos sistemas econômicos nacionais vão desaparecendo [...]. Dentro do quadro institucional atual os governos não têm a possibilidade de coordenar a ação que todo um conjunto de poderosos agentes exerce no sistema capitalista. [...] A formação de processos desestabilizadores vem aumentando de forma alarmante.” A última seção desse texto fala da busca de um “novo projeto de civilização”. Poderia ter sido escrita hoje.
 

A economia brasileira: 1850-1914 e A industrialização periférica, ambos também de 1975, completam os documentos aqui reunidos. Segue-se um texto inédito em que Luiz Carlos Bresser-Pereira analisa a formação intelectual, o método e a obra de Celso Furtado, destacando os problemas teóricos que enfrentou para criticar as teorias dominantes e elaborar uma visão própria dos processos de subdesenvolvimento e dos caminhos a serem trilhados pela periferia do sistema-mundo. O volume termina com uma entrevista concedida a Claudio Cerri, publicada pelo Jornal da Tarde em junho de 1975, em seguida ao retorno de Furtado ao Brasil. (CÉSAR BENJAMIN)






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